O legado de Plissétskaia

Plissétskaia foi agraciada com inúmeros prêmios russos e internacionais Foto: RIA Nóvosti

Plissétskaia foi agraciada com inúmeros prêmios russos e internacionais Foto: RIA Nóvosti

Aos 89 anos, bailarina russa sofreu um ataque cardíaco e faleceu no último sábado (2). Relembre os fatos marcantes da trajetória da principal bailarina do Bolshoi nos anos 1960.

A morte da bailarina russa Maia Plissétskaia foi anunciada pelo marido e compositor Rodion Shchedrin, com quem viveu por quase 60 anos. Logo após o anúncio, o presidente russo Vladímir Pútin e outras autoridades do país prestaram condolências a Shchedrin.

Plissétskaia, que iniciou no Bolshoi em 1943, ainda trabalhava em parceria com a produção do balé nos preparativos de um concerto de gala e, segundo o diretor-geral do teatro, Vladímir Úrin, “ela não apresentava qualquer sinal de problemas”.

“Estávamos preparando uma noite maravilhosa em honra ao 90º aniversário de Maia [Plissétskaia]. Ela participou ativamente no desenvolvimento do programa, estávamos sempre em contato”, disse à Tass o diretor artístico do Balé Bolshoi, Serguêi Fílin.

“Apesar de Plissétskaia não trabalhar diretamente com a nova geração de bailarinos, ela parecia estar sempre presente conosco. Vamos nos esforçar para que ela esteja continuamente em nossos corações e almas”, acrescentou.

Família

Plissétskaia nasceu em Moscou no dia 20 de novembro de 1925. No início dos anos 1930, sua família mudou-se para o arquipélago de Svalbard, no Oceano Ártico, onde o pai trabalhava como chefe das minas de carvão soviéticas.

Porém, em 1937, seu pai foi preso e fuzilado. No ano seguinte, sua mãe, Rakhil Messerer-Plissétskaia, atriz de cinema mudo, foi enviada à prisão de Butiskaia, juntamente com o filho mais novo. Dali, sua mãe foi deportada ao Cazaquistão, retornando a Moscou somente em 1941, pouco antes do início da guerra.

Maia e o irmão foram criados pelos tios, Sulamif e Assaf Messerer, bailarinos do Teatro Bolshoi.

Teatro Bolshoi

Em 1943, Plissétskaia formou-se na Escola de Balé de Moscou e foi admitida no teatro. Seu primeiro papel foi Macha em “Quebra-Nozes”, de Tchaikovsky, no ano de 1944. Um ano depois, interpretou a fada de outono em “Zolushka”, de Serguêi Prokofiev.

Em 1947, assumiu pela primeira vez o papel de Odette-Odile em “Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, no qual se consagrou como bailarina no mundo inteiro. “Sempre lembraremos sua performance do cisne morrendo em 1959”, publicou o dançarino russo-americano, Mikhail Barishnikov, em sua página no Facebook.

Nos anos 1960, Plissétskaia era oficialmente considerada a principal bailarina do Bolshoi. Mas ela não quis parar por ali, experimentando obras além dos clássicos.

Na noite de 20 de abril de 1967, a premier de “Carmen Suíte”, de Bizet- Shchedrin, foi preparada no Bolshoi pelo famoso coreógrafo cubano, Alberto Alonso, especialmente para Plissétskaia. Carmen tornou-se um de seus principais papeis no repertório do Bolshoi e para sempre ficou gravada na história da coreografia mundial.

Sua última apresentação no Bolshoi foi “Senhora com o cão”, encenada na noite de 4 de janeiro de 1990. Desentendimentos com a gestão da época levaram-na a deixar o teatro.

Cidadã do Mundo

Em 1938, Plissétskaia tornou-se também diretora artística do Balé da Ópera do Roma. Durante um ano e meio, encenou “Isadora” e organizou o retorno de “Phaedra” em outros balés.

Também liderou o grupo de balé de Madri no Teatro Lírico Nacional e cooperou com o Balé de Marselha Roland Petit e com o Balé do Século 20 de Maurice Bejart.

“Plissétskaia foi uma maravilhosa embaixadora da cultura russa em muitos países. Possuía uma relação especial com a França, estabelecida já durante sua primeira apresentação em Paris no início dos anos 60”, disse o reitor do Conservatório Rachmaninov de Paris, Piotr Cheremetev, em entrevista à Tass.

A artista apareceu ainda em muitos filmes e escreveu a autobiografia “Eu, Maia Plissétskaia...”, publicada na Rússia em 1994 e traduzida para 11 idiomas.

Reconhecimento

Plissétskaia foi agraciada com inúmeros prêmios russos e internacionais. É titular da “Ordem das Artes e das Letras” da França, e da “Legião de Honra” e da “Ordem de Isabel, a Católica”, da Espanha. Em 1991, o rei espanhol Juan Carlos concedeu também a “Ordem de Cavalaria” à bailarina russa.

Ainda na Espanha, foi premiada com a Medalha de Ouro em Artes e o Prêmio Príncipe de Astúrias. Em 2006, foi galardoada com o “Prêmio do Palácio Imperial do Japão” por sua excepcional contribuição para o desenvolvimento do balé.

Entre outras condecorações, recebeu do prefeito de Paris o Prêmio Mulher mais Elegante do Ano em 1986. Plissétskaia era chamada de musa por grandes designers, tais como Yves Saint Laurent e Pierre Cardin. 

 

Com material das agências de notícias Tass e Ria Nóvosti

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