Filme, que nem entrou em cartaz no país, já gerou polêmica Foto: AP
Políticos e figuras públicas da Igreja Ortodoxa Russa estão tentando impedir a ampla divulgação do filme, cuja estreia nacional é prevista para 5 de fevereiro, por sua suposta orientação “antirreligiosa” e “russófoba”.
Apesar de “Leviatã” ter sido financiado pelo Fundo Cinematográfico da Rússia e pelo Ministério da Cultura, o resultado da obra não agradou o chefe da pasta, Vladímir Medínski. Após a exibição do filme em Cannes, o ministro se referiu a ele como sendo “proibitivamente oportunista, caluniador da Igreja Ortodoxa Russa e distante da realidade”.
Durante o Fórum Cultural de São Petersburgo, Medinski aproveitou para criticar os filmes que, mesmo recebendo financiamento do governo, “cospem nas autoridades eleitas, sem nem mesmo serem críticos”.
“Refiro-me àqueles que fazem filmes pelo princípio de ‘a Rússia é uma porcaria’. Para quê? É uma espécie de masoquismo estatal”, disse o ministro.
Em Teriberka, região de Murmansk onde “Leviatã” foi filmado, a obra foi recebida como um insulto pessoal por alguns locais. Em sua conta no Twitter, a prefeita do povoado, Tatiana Tribulina, escreveu que a obra “não deixou impressões especiais, já que nós aqui somos todos alcoólatras vivendo em nosso próprio lixo”.
Antirreligioso ou anticlerical?
“Com esse filme, eles [os autores] condenaram toda a Rússia e a Igreja Russa. A principal mensagem do filme é que o povo, a Igreja e o Estado estão destinados à destruição e extinção”, disse à Gazeta Russa o diretor da Associação de Especialistas Ortodoxos, Kirill Frolov.
O diácono e professor da Academia Teológica de Moscou, Andrêi Kuraiev, discorda de tal posição, pois não considera o filme antirreligioso, mas anticlerical. “Dizem que Zvyagintsev apresenta filmes sombrios, mas que não mostra como sair das situações sombrias. O artista não é obrigado a ser nenhum messias e indicar o caminho para a terra prometida”, afirma o diácono.
Discussão bem-vinda
A polêmica em torno de “Leviatã” vem sendo também comparada ao escândalo gerado pelo grupo de Pussy Riot, que em 2012 entoou uma ‘oração punk’ na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou. O Pussy Riot é, inclusive, mencionado mais de uma vez no filme.
No entanto, os criadores garantem que não pretendiam fazer do filme nenhuma afirmação política.
“Nós esperávamos que o filme fosse polarizar a sociedade russa. Foi precisamente isso que aconteceu com os principais filmes soviéticos”, explica o produtor de “Leviatã”, Aleksandr Rodniánski.
“Apesar disso, tínhamos esperanças de que haveria mais gente comparando a biografia cinematográfica de Zvyagintsev e que entenderia que o diretor não trabalha no território das declarações publicistas, e sim no plano da arte. Apesar de tudo, ficamos satisfeitos com o fato de o filme estar gerando debate.”
Fonte: YouTube
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