A Gazeta Russa lembra os principais prédios da época do nascimento da arquitetura soviética
A Torre Chukhov (1922, Vladímir Chukhov)
Foto: AFP/East News
O governo soviético considerava que em um país pouco instruído o rádio era o melhor meio de propaganda, porém a principal estação de rádio no país deveria impressionar. As construções hiperboloides de Shukhov, que já naquela época haviam se tornado famosas graças às exposições internacionais, pareciam bastante futurísticas, o que combinava bem com o espírito da arte soviética de agitação.
Casa de Mélnikov (1929, Konstantin Mélnikov)
Foto: divulgação
Na época em que o arquiteto Mélnikov participava de concurso para a construção da casa de cultura de Zuev, ele decidiu criar um prédio em forma de cilindro. Ele não conseguiu ganhar o concurso, mas mesmo assim não largou a ideia e até o desenvolveu: assim, a casa privada de Mélnikov ganhou a forma de dois cilindros.
A ideologia da União Soviética negava tudo o que era privado e exigia submeter a arquitetura aos interesses coletivos. No caso da casa de Mélnikov, esse objetivo foi realizado de forma grotesca. O arquiteto projetou um único quarto de dormir: até na hora de dormir a família virava uma “coletividade”.
Mélnikov sempre quis que no futuro suas obras de arquitetura fossem transformadas em um museu. A inauguração do museu da Casa de Mélnikov demorou por causa de um litígio entre os herdeiros do arquiteto. Mas neste mês a “Casa de Mélnikov” foi aberta para o público.
Hotel Moscou (Oswald Stapran, Leonid Saveliev, Aleksêi Chussev, 1935, reconstruído em 2004)
Foto: A.Solomonov/RIA Nóvosti
No começo dos anos 20, próximo do Kremlin, no lugar do atual Hotel Moscou, estava para começar a construção do Palácio do Trabalho: grandes cubos de vidro e cimento, unidos por uma sala de espectadores em forma elíptica. Ele deveria ser parecido com a espaçonave Enterprise. Os trabalhos de construção foram encerrados por causa do alto custo e da complexidade do projeto. Em vez disso foi decidido se construir um hotel, que era mais tradicional, mas ao mesmo tempo grandioso. Sob o controle do arquiteto Shusev, o Hotel Moscou foi construído no estilo tradicional de luxo e mais tarde se tornou o melhor das construções dos anos 30 a 50. As colunas, arcos e balaustradas decorativas marcaram a ligação da arquitetura soviética com as tradições da antiguidade.
VDNkH (1935-1954, diferentes arquitetos sob a direção de Serguêi Tchernichev)
Foto: AP
O maior parque de exposições no norte de Moscou foi criado para que o cidadão soviético ou o turista pudessem em qualquer momento avaliar o progresso da agricultura e da indústria soviéticas. Dos 70 pavilhões do parque, a metade lembra templos no estilo imperial. As colunas, pináculos, estátuas e fontes representam as melhores tradições da arquitetura do totalitarismo.
Impressiona especialmente o pavilhão nº 32, construído em 1939. No começo, ele era dedicado à “produção automobilística” e era parecido com um hangar com telhado de vidro. Do lado de dentro lembrava um templo de civilizações da mesopotâmia, onde em vez de estátuas de deuses e heróis havia estátuas da mecânica e tratores.
No final dos anos 50, foi anexado ao pavilhão um prédio com estrutura de vidro, cuja forma de rede lembra a Torre de Shukhov. A partir daquele período, o pavilhão recebeu o nome de Cosmos e na praça em frente foi instalada uma cópia do foguete Vostok, que colocou Gagárin em órbita.
Os prédios altos de Stálin (1952-1957, Lev Rudnev, Dmítri Tchetchúlin, Viatcheslav Oltraguévski, Serguêi Tchernichev e outros)
Foto: Lori/Legion Media
O centro de Moscou está cercado de cada lado por prédios altos do período de Stálin –o prédio da Universidade Estatal de Moscou, três prédios residenciais, dois hotéis e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
No começo, deveria haver em Moscou apenas um prédio alto. O projeto do Palácio das Reuniões, com uma estátua de Lênin no topo, não foi construído por causa da guerra: as bases de metal produzidas foram transformadas em defesas anti-tanque.
Após a guerra, o projeto foi transformado em sete prédios diferentes com estilo parecido. Nesses prédios, a arquitetura de Stálin definitivamente adquiriu estilo próprio. Eles reúnem as tendências mundiais na área de monumentalismo (os prédios se parecem, por exemplo, com o Empire State Building), com a exaltação das culturas antigas.
No livro de Vladímir Papérni “Cultura dois” (Architecture in the Age of Stálin: Culture Two Cambridge University Press, 2002) é narrada uma concepção atraente do desenvolvimento da vida cultural na Rússia. De acordo com esse livro, podem-se identificar dois períodos da cultura russa, que se revezam a cada 20 ou 30 anos. A “cultura 1” está ligada à época revolucionária e à “introdução” de novos estilos, a “cultura 2” expressa-se na volta às tradições e ao engessamento das tendências existentes.
Paperni mostra a diferença entre esses dois períodos da cultura russa com o exemplo da arquitetura como a arte mais concreta. Assim, o autor liga a arquitetura dos anos 20 (a Torre de Shukhov, a Casa de Melnikov) –provocativa e inovadora– ao período da “cultura 1” e as construções dos anos 30 aos anos 50 (o Hotel Moscou, os prédios altos de Stálin etc.) –mais estritos e impressionantes– “ao período da cultura 2”.
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