Nove jogos infantis de rua populares nos tempos soviéticos

As crianças de hoje se prendem aos jogos de computador ou passam o tempo em clubes infantis. As dos tempos soviéticos brincavam nos recintos entre prédios. Existia uma cultura de jogos infantis didáticos e divertidíssimos.

Confira uma lista das brincadeiras das crianças russas nos tempos soviéticos.

Elástico


Foto: Elena Potchiótova

O elemento principal deste jogo é uma tira elástica comprida. Atadas as pontas, o elástico se estica entre duas jogadoras, numa distância de cerca de dois metros, circundando-lhes primeiro os tornozelos, depois, em várias fases do jogo, subindo as pernas, a cintura, até o pescoço. Quantidade ideal de participantes: 3 a 4; cada uma deve executar uma determinada série de saltos através da tira. Quando uma jogadora comete um erro, troca de lugar com uma das que estão esticando o elástico. No caso de 4 participantes, as equipes trocam de lugar quando erram sucessivamente ambas jogadoras da mesma equipe.

O jogo treina tanto equilíbrio e coordenação de movimentos, como atenção. Ensina ser persistente, vencer ou perder com dignidade, saltar o mais alto possível e manter amizade na rivalidade.

Amarelinha


Foto: Elena Potchiótova

No asfalto, se desenha com giz uma espécie de tabela, com casas quadradas numeradas de 1 a 10, nas quais se deve movimentar, pulando, uma pedra ou uma caixinha redonda. Até para um jogador é divertido. O importante é acertar com a pedra num determinado quadrado, pulando em um pé ou em dois e voltando pelo mesmo caminho. O vencedor é aquele que consegue ser o primeiro atravessando um percurso estipulado pelas regras do jogo.

Desenvolve agilidade, justeza, capacidade de se concentrar e conhecimento de números, para os jogadores mais pequenos.

Boiardos


Foto: Elena Potchiótova

Participantes deste antigo jogo popular formam duais equipes que se posicionam em duas fileiras viradas uma para outra, de mãos dadas, numa distância entre as fileiras de 10 a 15 metros. Uma se aproxima à outra, cantando: “Boiardos, viemos falar com vocês”, recuando a seguir. Outra fileira, por sua vez, marcha na direção da primeira, cantando: “Boiardos, o que querem vocês?”, depois recua ao ponto de partida. O diálogo longo se resume à cantiga de noivados, acabando com um verso: “Boiardos, exigimos que abram o portão e nos entreguem a noiva para sempre”. Quem foi escolhida como “noiva”, deve correr e romper (ou não) a fileira adversária. Se conseguir, volta à sua equipe; se não, fica com os rivais, que iniciam a partida seguinte. A finalidade de cada equipe é juntar a maior quantidade de jogadores.  

Ensina jogar em equipe e ganhar na situação “um contra todos”.

“Koldúntchiki” 


Foto: Elena Potchiótova

É uma variante de pega-pega: uma criança é o pegador, e as outras, os fugitivos. O pegador corre atrás dos fugitivos, tentando tocar neles. Cada pegado fica imóvel, de braços estendidos ao lado do corpo, enquanto qualquer outro fugitivo pode tocar nele, salvando-o. Uma das tarefas do pegador é ficar de olho nos pegados, não deixando os outros jogadores se aproximarem. Outra versão inclui garrafas de água furadas: os participantes molham  uns aos outros. Geralmente, dentro de cinco minutos, todos estão encharcados, mas felizes.

Treina a habilidade de correr e avaliar rapidamente a situação.

Justiceiros e bandidos


Foto: Elena Potchiótova

Jogam duas equipes: a dos justiceiros contra a dos bandidos, numa área delimitada (pátio, rua, bairro). Bandidos inventam uma palavra secreta e fogem, marcando seu rumo com setas desenhadas no asfalto, nas paredes de edifícios, árvores e bordas das calçadas. Primeiro correm todos juntos, se dividindo depois em grupos pequenos, tentando confundir seus perseguidores com setas. A missão dos justiceiros é encontrar os bandidos. Cada um é levado a uma prisão, onde os justiceiros tentam saber a palavra secreta, recorrendo às “torturas”, por exemplo, com urtiga. Os justiceiros vencem após descobrirem a palavra em questão ou encontrando todos os bandidos.

O jogo dá noções básicas sobre atividades de agentes secretos, ensina a se orientar e a não trair “os seus”.

Vichibali (caçador ou queimada russo)


Foto: Elena Potchiótova

Dois “expulsores” se posicionam nos lados opostos da área do jogo; os outros jogadores ficam entre eles, no centro. Os “expulsores” atiram a bola um no outro, se esforçando para tocar com ela num dos “centrais”, enquanto estes tentam esquivar-se. Quem é atingido fica fora do jogo, mas pode ser “salvo” por um jogador que conseguir apanhar a bola no ar, sem esta tocar no chão (é uma condição obrigatória; quem apanhar a bola depois dela tocar no chão, fica fora também). Quando no centro da área fica um único jogador, ele deve conseguir esquivar-se da bola tantas vezes quantos anos tem; neste caso, todos os que ficaram fora voltam para o centro.

Este jogo ensina a capacidade de escapar de objetos de alta velocidade que ameaçam atingi-lo, bem como pensar no próximo e aguentar a dor.

Comestível e não comestível


Foto: Elena Potchiótova

Todos ficam em pé ou sentados, numa fila. Um participante atira a bola para um dos jogadores, dizendo ao mesmo tempo um nome de objeto. Se o objeto é “comestível”, o respectivo jogador deve apanhar a bola; se não é, rebater. O objetivo de quem está atirando a bola é confundir jogadores: por exemplo, depois de nomes de variados frutos e legumes, de repente mencionar um objeto não comestível. O jogador que erra, “comendo” o que não é comestível, substitui o “atirador”. Quanto mais depressa é atirada a bola e ditos nomes de objetos, tanto mais divertido e interessante é o jogo.

Desenvolve a capacidade de ouvir com atenção e reagir com rapidez.

Jogo de facas


Foto: Elena Potchiótova

No chão se desenha um círculo e se divide em frações; os jogadores, cada um por sua vez, tentam acertar com uma faca pequena numa das frações que não lhes pertencem, ganhando cada vez mais terreno. A faca pode ser lançada “do ombro”, “com reviravolta”, “do nariz”, “da cabeça”. Existem várias versões do jogo de facas, com nomes diferentes: “terra”, “cidades”, “bancos”, “avós e avôs”, “tanques”, “navios”, “futebol”, “batalha naval”. Pequenas facas podem ser lançadas para terra, areia ou até para um banco de madeira.

Com este jogo se aprende lidar com armas brancas, ter atenção e cuidado.

Anelzinho


Foto: Elena Potchiótova

Os jogadores ficam sentados em fila, com as palmas das mãos juntas. Um deles tem, nas mãos fechadas também, um objeto pequeno, como uma moeda, um botão ou um anel. Ele passa suas mãos entre as palmas de cada um dos outros jogadores, dizendo: “Tenho o meu anelzinho e vou dá-lo a alguém”. De modo discreto, deve deixar o objeto nas mãos de um dos participantes e dizer: “Anelzinho, anelzinho, vem cá ao alpendrezinho.” Depois disso, quem tem o “anelzinho”, deve se levantar e tentar sair da fila, enquanto os restantes tentam impedir sua fuga.

Ensina observar com atenção o que fazem os outros, agir com rapidez e firmeza.

 

Publicado originalmente pela Gazeta.ru

 

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