Ilustração: Natália Mikhailenko
Não foi por acaso que diversos infortúnios aconteceram a Vrubel enquanto pintava o seu obra “Demônio Caído”, o símbolo do homem que quis voar alto, mas acabou sendo derrubado. Na época, o artista trabalhava 17 horas por dia e quase não dormia. Começou a beber em excesso, brigou com seus colegas e, se não fosse o bastante, foi internado em um hospital após ter alucinações.
Foi então que começaram a ocorrer coisas estranhas também com o seu quadro. Vrubel tinha pintado metade do quadro com pó de bronze, que foram gradualmente mudando de cor. O rosto do demônio, antes belo, se transformou em algo ruim, sombrio e taciturno, como se revelasse a sua verdadeira fase.
Com Vrubel, deu-se a mesma metamorfose do seu demônio. O homem culto, amigável e calmo se transformou, torturando de modo insuportável quem o rodeava. Gritava com as pessoas, tinha delírios e exigia bebidas. Mas a desgraça não terminou por aí.
Um ano mais tarde seu filho morreu, e na sequência, Vrubel ficou cego. Seu último trabalho foi feito sentindo a pintura com a ponta dos dedos, enquanto o mundo mergulhava na escuridão.
Vrubel morreu de pneumonia, embora parecesse mais um suicídio. Ele se despiu todo e se deixou ficar por horas na frente de uma janela aberta em pleno inverno. Dias depois, só restavam suas antigas pinturas, como um eterno aviso para quem sobe tão alto: a queda pode ser ainda mais dolorosa.
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