Foto: divulgação
A manteiga Vologódskoe é dos produtos russos mais conhecidos mundo afora. Ainda no século 19, começou a ser exportada para a Inglaterra por via marítima, e era regularmente encomendada pelos franceses. A fama conquistada pelo produto se deve à alta qualidade mantida pelos fabricantes ao longo de um século e meio.
O sabor autêntico e alto teor de gordura são as principais características dos laticínios fabricados em Vologda, cujos campos alagados usados como pastos de gado também são considerados os melhores locais para o cultivo de plantas forrageiras devido às temperaturas suaves e frequentes neblinas na época de verão.
A manteiga é feita de um creme de leite submetido ao tratamento térmico, que atribui ao produto final um gostinho fino parecido com o sabor de nozes. Apesar de as condições climáticas e raças de vacas criadas nas unidades federativas vizinhas de Novgorod e de Kostroma serem parecidas, os produtos fabricados no seu território, mesmo da qualidade igualmente alta, não possuem tanta fama, pois não contaram com a participação do extraordinário entusiasta que ajudou a criar uma lenda em torno da Vologódskoe.
Nikolai Verescháguin vem de uma família muito conhecida na Rússia graças às conquistas do Vassíli, seu irmão mais novo e pintor de paisagens de guerra. Em 1861, após uma longa viagem, Nikolai voltou à propriedade dos seus pais, que naquele momento enfrentavam grandes dificuldades devido à abolição de servidão, e resolveu a fazê-la voltar à prosperidade e melhorar a vida dos escravos recém-libertados.
O processo demorou 15 anos, durante os quais o jovem proprietário investia nas queijarias cooperativas baseadas no modelo suíço, desenvolvia a pecuária local, estudava as tecnologias de produção de alimentos no solo estrangeiro e realizava projetos sociais.
A manteiga é feita de um creme de leite submetido ao tratamento térmico, que atribui ao produto final um gostinho fino parecido com o sabor de nozes Foto: ITAR-TASS
A receita da manteiga Vologódskoe nasceu após a participação de Verescháguin na Exposição Internacional em Paris e foi baseada no conceito do mesmo produto vindo da Normandia, cujos segredos, no entanto, o russo curioso não conseguiu descobrir. Com o passar dos anos, o pequeno negócio do Verescháguin cresceu e se tornou uma indústria.
Em 1911, a cooperativa de produtores de laticínios aberta por ele nas redondezas de Vologda na década de 1870 foi transformada no Instituto de Leite e, após a instituição da União Soviética, tornou-se a Academia de Produção de Laticínios, que carrega o nome do seu criador. As atividades da academia incluem pesquisas aplicadas e formação de especialistas nas áreas de agricultura e indústria alimentícia.
No final do século 20, marcado pela transição da Rússia entre os regimes comunista e capitalista, o negócio criado por Verescháguin quase foi à falência devido ao uso não autorizado da marca registrada “manteiga Vologodskoe” na fabricação de alimentos em outras unidades federativas do país.
Os produtores da cidade de Vologda abriram processos judiciais, mas a justiça não foi feita até que o governo interviu em 2010. Conforme a decisão final, em vez de uma única empresa, o direito de uso da marca registrada foi atribuído a todos os produtores da região, o que nunca havia acontecido na Rússia anteriormente.
Desse modo, passou a ser chamada de Vologódskoe apenas as manteigas produzidas no território da unidade federativa em questão e que corresponde aos seus padrões de qualidade. O próprio nome do produto confirma a sua alta qualidade e a data de fabricação recente, já que, após passar da data de validade imprensa, a manteiga Vologódskoe perde o direito ao seu nome, muda de embalagem e é vendida como uma manteiga comum de boa qualidade.
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