O evento, que também comemorou os 86 anos do bairro de Vila Zelina, atraiu cerca de 5.000 pessoas, segundo estimativas do presidente da Amoviza Foto: Vanessa Correa da Silva
Nem a forte chuva que atingiu a cidade no fim da manhã do domingo (27) espantou quem participava da 7ª edição da Festa Leste Europeia na Vila Zelina, em São Paulo.
O evento, que também comemorou os 86 anos do bairro de Vila Zelina, atraiu cerca de 5.000 pessoas, segundo estimativas do presidente da Amoviza (Associação de Moradores e Comerciantes do Bairro de Vila Zelina), Victor Gers.
Localizado na zona leste de São Paulo, o bairro concentra boa parte dos imigrantes vindos do Leste europeu que se estabeleceram em São Paulo.
Assim como a Amoviza, a festa foi criada em 2007, durante as comemorações dos 80 anos da Vila Zelina.
Na ocasião, surgiu a ideia de aliar os festejos de aniversário do bairro a um evento que celebrasse a cultura e as tradições das 13 nacionalidades do Leste europeu que fazem parte do bairro.
São russos, poloneses, húngaros, tchecos e búlgaros, entre outras nacionalidades, que todos os anos se reúnem para relembrar as tradições de seus povos, com danças, músicas e comidas típicas.
Foto: Vanessa Correa da Silva
“Queremos que a festa seja não só uma celebração para imigrantes e seus descendentes, mas também um modo de o paulistano ter contato com essas culturas. Além disso, é uma forma de reunir os moradores do bairro”, explica Gers.
Bons frutos
Com o sucesso do evento, a festa se tornou anual e a cada edição atrai mais pessoas. Neste ano, o evento foi transferido para um espaço maior, ao lado do Parque Ecológico de Vila Prudente.
A festa contou com a participação de 16 grupos folclóricos e teve 24 atrações. Foram convidados também grupos de outros países, como Japão, Síria, Itália e Suíça.
A gastronomia do Leste europeu foi celebrada no evento, que contou com barracas de comidas típicas de diversos países.
Entre uma apresentação e outra, os visitantes puderam experimentar os varêniki (ver mais aqui) da Rússia, burekas da Bulgária e zapiekankas da Polônia. Doces típicos e a tradicional vodca também puderam ser degustados no evento.
Celebrando as tradições russas, participaram do evento os grupos Volga e Balalaika. Entre as atrações, houve danças tradicionais dos cossacos, danças ciganas e números musicais.
A estudante Michele Potapovas, de 22 anos, pratica danças tradicionais russas com o grupo Balalaika e no começo da tarde de domingo aguardava sua vez de se apresentar.
Os avós de Michele, imigrantes russos, estabeleceram-se na Vila Zelina, onde vive toda sua família. Ela conheceu o grupo folclórico durante uma apresentação no Memorial da América Latina há cinco meses e desde então participa dos ensaios com seu namorado, Juliano Boldorini, de 28 anos.
“É uma questão de costume, minha família sempre frequentou a festa desde que ela foi criada”, diz Michele, que ensaia com o grupo todos os domingos.
Também descendente de russos, a professora de inglês Lha Politansky, de 64 anos, sempre morou na região, mas foi conhecer a festa somente nesta edição.
Foto: Vanessa Correa da Silva
Enquanto conversava fluentemente em russo com a vendedora de uma barraca de comida, Lha escolhia com o marido um dos quitutes à venda no local.
“Meus pais eram russos, então minha primeira língua foi o russo. Só aprendi a falar português na escola”, conta.
Ela também participa de um grupo de tradições russas, o coral Melodia, que foi fundado por seu pai e no qual atua como pianista. No dia 27, porém, esteve na festa somente como espectadora, para relembrar a cultura de sua família.
Mas festa da Vila Zelina não atrai somente descendentes de imigrantes.
Além de moradores do bairro, o evento pessoas interessadas em conhecer mais sobre a cultura e a gastronomia do Leste europeu frequentam o evento.
O médico Renato Filippini, de 61 anos, é apaixonado pela cultura e pela história da Rússia, e ficou sabendo da Festa Leste Europeia ao ler uma nota sobre o evento em um jornal.
Morador da Vila Mariana, visitou a festa no domingo à tarde, buscando mais informações sobre os grupos folclóricos do país.
“Os eslavos são verdadeiros artistas. Admiro muito a integração entre os povos da região e essa iniciativa para preservar sua cultura.”
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