Moscou inaugura duas ‘áreas de protesto’

Participante de protestos contra a lei Dima Iakovlev, que proíbe adoção de crianças russas por famílias norte-americanas Foto: ITAR-TASS

Participante de protestos contra a lei Dima Iakovlev, que proíbe adoção de crianças russas por famílias norte-americanas Foto: ITAR-TASS

Projeto estabelece espaços em parques para manifestações públicas, sem a necessidade de autorização prévia. Enquanto as autoridades locais dizem estimular uma nova cultura urbano, oposição rebate que intenção é criar “áreas de confinamento dos manifestantes”.

Seguindo o modelo do Hyde Park londrino, que abriga uma área onde os cidadãospodem protestar sobre qualquer tópico desde 1872, as autoridades da capital russaresolveram lançar um projeto semelhante. A partir deste mês, estão sendo criadosespaços para a realização de manifestações públicas com até 2 mil participantes, sem anecessidade de autorização prévia.

As autoridades públicas de Moscou dizem que não haverá restrições em relaçãoaos temas abordados nas manifestações. Por isso, estão preparadas para presenciarmovimentos de ativistas LGBT e nacionalistas, desde que os grupos não violem as leismunicipais ou federais.

A existência de dois espaços permanentes na cidade, no parques Górki e Sokolniki,também vai facilitar a vida dos funcionários públicos que eram obrigados a efetuarlongas negociações com a oposição para definir o local toda vez que era planejado umato público.

“No verão, frequentam o parque de 10 mil até 100 mil pessoas todos os dias. É umespaço público aberto absolutamente a todos”, justifica a administração do parqueGórki.

Os interessados em realizar as suas manifestações em um desses espaços devempreencher os formulários à disposição nos sites dos parques ou entregar um pedido porescrito para a direção do parque, num período de 15 a 3 dias antes do protesto. Cadaum das áreas de protesto comporta até 2 mil pessoas e as manifestações podem serrealizadas das 7h00 às 22h00.

Se por um lado o governo anuncia que a medida criará uma nova cultura urbana, aoposição alega que os “Hyde Parks moscovitas” serão transformados em áreas deconfinamento dos manifestantes.

Desde o início do projeto, muitos opositores do projeto demonstraram preocupaçãocom o fato de as autoridades estarem extremamente relutantes em concordar commanifestações no centro da cidade.

Na opinião deles, ao criar tais espaços em Moscou, as autoridades estão confundindoconceitos. “As autoridades estão severamente equivocadas ao considerarem o HydePark, em Londres, um lugar para manifestações políticas. Lá os atos de protesto podemocorrer em qualquer lugar por onde as pessoas passam. E o Hyde Park em si não épropriamente um espaço político”, argumenta Eduard Limoso , líder do partido nãoregistrado “Outra Rússia”.

Para o organizador de uma série de grandes protestos da oposição, Serguêi Davidis, asautoridades só fingem estar indo de encontro aos movimentos de protesto, porém os“Hyde Parks moscovitas” estarão entulhados de manifestações pró-Kremlin.

No verão de 2012, um ano após a onda de protestos da oposição, foram aprovadasemendas à lei que versa sobre os protestos em massa. De acordo com a legislação atual, os organizadores de qualquer ato público em massa devem notificar o poder executivolocal sobre os seus planos e negociar os detalhes do futuro evento.

Além de multas mais altas por infrações cometidas nas manifestações, foram instituídasa proibição do uso de máscaras pelos participantes dos protestos e a pena paraorganizadores de eventos não autorizados.

 

Com materiais dos veículos Kommersant e Gazeta.ru e da agência RIA Nóvosti

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