Raposa ficou exposta no café “Geometria”, juntamente com fotocolagens irônicas Foto: Press Photo
As fotos da raposa criada por Adele Morse se tornaram uma verdadeira febre na internet, sobretudo na Rússia. Nas diversas fotomontagens, políticos, artistas de sucesso, apresentadores de TV, jogadores de futebol e criminosos fizeram “companhia” à raposa.
No entanto, quando foi anunciado que Morse recebera um convite para visitar a Rússia, em março deste ano, a notícia causou uma previsível reação de alguns políticos excêntricos da capital cultura russa. Esse foi o caso do deputado Vladímir Milonov, fundamentalista ortodoxo e autor da lei proibindo a “propaganda gay”, que culpou Morse por maus tratos de animais.
Não contente, o deputado acrescentou que a artista estaria ligada aos “exterminadores de cães” na cidade e convocou todos os cidadãos que se preocupavam com a questão a comparecer na abertura da exposição. No entanto, ninguém respondeu ao seu chamado.
Em uma entrevista coletiva, Morse se prontificou a dizer que jamais havia torturado qualquer animal. “Ouvi falar de Milonov quando ele declarou a sua opinião ao meu respeito, chamando-me de louca”, disse a artista citada pelo site fontanka.ru.
“Cada um tem a sua própria maneira de ver as coisas, mas ele faz uma ideia absolutamente errada a meu respeito. Eu sou a última pessoa da Terra que poderia ser acusada de tratar os animais com crueldade. Já faz 10 anos que sou vegetariana”, completou.
O Partido Comunista da região de Leningrado também se pronunciou contrário à“StonedFox”. “Devido à indecisão e covardia das nossas autoridades municipais, foi admitida em nossa heroica cidade a taxidermista sádica Adele Morse, que se permite zombar do nosso grandioso povo e de sua história”, afirmaram os dirigentes do partido em seu site, ao se referir à divulgação da inglesa de que o animal simbolizaria “o humor embriagado dos russos”.
Aproveitando-se do fato de seu partido ser homônimo do Partido Comunista da Federação Russa, de grande influência no parlamento, o grupo é conhecido pelas declarações incoerentes em relação às questões culturais.
Nos últimos
anos, eles chegaram a sugerir para a Igreja Ortodoxa que Stálin fosse
canonizado e exigiram de Nicolas Sarkozy, então presidente da França, que se
desculpasse formalmente pelo assassinato do escritor russo Aleksandr Púchkin,
morto em um duelo com o cidadão francês D'Anthès,
em 1837. No caso da raposa, eles não poderiam deixar passar a chance de se
promover na mídia, ainda mais porque o animal empalhado havia “tirado uma foto”
ao lado de Lênin.
Por esse motivo, os comunistas tentaram até instigar o Serviço de Vigilância
Sanitária contra o café “Geometria”, local que sediou a exposição até domingo
passado (7), sugerindo que a raposa empalhada fosse portadora de algum tipo de
doença.
“Depois de uma entrevista na Rússia, me atribuíram a citação de que ‘a raposa parece um pouco triste e bêbada e isso reflete o estado de ânimo dos russos’. Mas essas palavras não são minhas, apenas citei o que me disse um dos fãs”, rebateu Morse em uma coletiva de imprensa, na qual estavam presentes cem jornalistas – quase três vezes mais do que o número de repórteres que costumam participar das reuniões do governo municipal da cidade.
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