Equipe paralímpica russa durante cerimônia de hasteamento da bandeira na Londres-2012
Anton Denisov/RIA NôvostiO Comitê Paralímpico Internacional (IPC) anunciou na quinta-feira (1º) a decisão de negar todos os recursos individuais apresentados por mais de 175 atletas paralímpicos russos que tinham esperança de participar dos Jogos no Rio, a partir de 7 de setembro.
Em comunicado divulgado pela IPC, o diretor-presidente do órgão, Xavier Gonzalez demonstra empatia pelos atletas russos prejudicados pela medida ao reforçar que o “objetivo principal do IPC é permitir que atletas paralímpicos alcancem a excelência esportiva e inspirem o mundo”.
“Tragicamente, no entanto, as autoridades russas negaram a seus atletas essa oportunidade por meio de suas ações”, completa Gonzalez.
Para compensar a ausência no Rio, o presidente russo Vladímir Pútin prometeu, em reunião com a equipe olímpica no último dia 25 de agosto, realizar um campeonato paralelo para os atletas paraolímpicos nos dias 7 e 8 de setembro em Moscou.
Os atletas que participarem do evento também serão recompensados por seus sucessos da mesma forma que seriam incentivados por suas vitórias nos Jogos oficiais.
Além dos Jogos Paralímpicos de Verão 2016, no Rio, e dos Jogos Paralímpicos de Inverno 2018, em Pyongyang (Coreia do Norte), os atletas russos não poderão participar em um futuro próximo de diversos eventos esportivos globais, entre eles a Copa Mundial de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas, em São Petersburgo, e o Campeonato Europeu de Parataekwondo em Varsóvia (Polônia), em setembro.
No último dia 7 de agosto, o IPC decidiu barrar toda a equipe paraolímpica da Rússia de participar dos Jogos Paraolímpicos de 2016. A decisão veio na esteira de um relatório produzido por uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).
Sem maiores consequências
A suspensão do Comitê Paraolímpico Russo (RPC) pelo Comitê Paraolímpico Internacional implica automaticamente a suspensão em ambos os Jogos Paraolímpicos e outros torneios internacionais.
No entanto, a deputada, vice-presidente da RPC e 13 vezes campeão paralímpica Rima Batalova acredita ser cedo para se falar sobre quaisquer consequências graves para o esporte paralímpico na Rússia, uma vez que “a organização fará todo o possível para retornar ao status anterior”.
“Conversei com [o chanceler russo Serguêi] Lavrov, o Ministério dos Negócios Estrangeiros já se pronunciou sobre essa situação, eles se envolveram e não ficarão parados”, disse Batalova à Gazeta Russa.
Seis vezes campeão paralímpico no esqui cross-country e membro do comitê executivo do RPC, Serguêi Chilov também afirma que não é momento de desistir.
“As crianças vão continuar treinando e participando de competições. Não acho que essa situação vá durar muito tempo. Precisamos buscar um consenso com o Comitê Paralímpico Internacional”, diz Chilov.
Mais popular após desqualificação
A participação nos esportes é a maneira mais eficaz de reabilitação e adaptação social para os atletas paralímpicos russos, segundo Aleksandr Chlitchkov, presidente da União Europeia de Parataekwondo.
“E isso se aplica não só para atletas profissionais, mas também para as pessoas que treinam em nível amador”, disse Chlitchkov à Gazeta Russa. “Nem é preciso dizer que os acontecimentos dos últimos meses foram um teste de estresse para os atletas.”
No entanto, em relação à participação da equipe nos Jogos Paralímpicos de Inverno 2018, em Pyongyang, a questão ainda estaria em aberto.
“Precisamos construir um diálogo com o IPC e responder às alegações contra a RPC. E vemos que tanto os atletas como a gerência são trabalhando duro para isso”, disse especialista.
Na contramão dos últimos desdobramentos, a Rússia tem observado, porém, um aumento de interesse por esportes paraolímpicos.
“Pena que esse tipo de escândalo e controvérsia seja um desperdício de tempo e energia que os atletas poderiam se dedicar ao treinamento”, arremata Chlitchkov.
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