A moda dos seguranças começou no início dos anos 1990, quando a propriedade privada retornou ao país e, com ela, a lei regulamentando a atividade da segurança. Ilustração: Ekaterina Lobanova
Ekaterina LobanovaDe detector de metais em punho, com o olhar enfadado andando para lá e para cá em uniformes amarrotados onde se lê “segurança”, eles estão por toda a parte: em supermercados, escolas, hospitais, escritórios, estacionamentos, parques, boates e feiras. E em grande número.
A profissão não tem qualquer prestígio no país, apesar de tão difundida, e tem baixos salários. E isso não mudou nem com a reforma da polícia, a crise ou a invasão das câmeras de vigilância no mercado.
Ganho fácil
A polícia russa é, em quantidade, a maior do mundo. Ela supera a turca, com seus 250 mil, com grande diferença, assim como a dos EUA e a da Alemanha.
Há dois anos, porém, o contingente de seguranças era ainda maior que o de policiais no país – cerca de 1,5 milhão de pessoas, ou quase 2% da população ativa.
Isso porque ser admitido como segurança é, em primeiro lugar, fácil e, em segundo, barato. Para tanto, é preciso frequentar uma média de 70 horas na escola de seguranças, passar nas provas diante de policiais, dar as digitais, e esperar dois meses para receber a permissão.
Em Moscou, o procedimento custa 10 mil rublos (US$ 169), enquanto uma permissão de porte de arma custa outros 5 mil rublos (US$ 84). No interior, os preços são ainda mais baixos. Para trabalhar em lojas, nem essa formação é necessária.
Muitos aposentados complementam sua renda dessa maneira.
Anos 1990 de volta?
A moda dos seguranças começou no início dos anos 1990, quando a propriedade privada retornou ao país e, com ela, a lei regulamentando a atividade da segurança.
Hoje, a maior parte dos seguranças não tem permissão para porte de arma e executa funções mínimas, recebendo uma média de 800 a 2500 rublos (entre 14 e 42 dólares).
Para o professor da Escola Superior de Economia da Rússia, Konstantin Sônin, o enorme número de seguranças do país está intrinsecamente ligado ao mau funcionamento da polícia.
“Nos cafés e restaurantes americanos não tem seguranças, porque se alguém se comporta mal, o garçom chama a polícia para resolver”, diz Sônin, que também é professor na Universidade de Chicago.
Claro que, seguindo essa lógica, a Rússia, com seu enorme contingente deveria ser um dos lugares mais seguros do mundo. Mas, de acordo com o Fórum Econômico Internacional, ela ocupa o 109° lugar de um ranking com 136 países.
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