Magnata investirá US$ 100 milhões na busca de inteligência extraterrestre

Stephen Hawking (à dir.) trabalhará em parceria com Frank Drake e Geoff Marcy Foto: AP

Stephen Hawking (à dir.) trabalhará em parceria com Frank Drake e Geoff Marcy Foto: AP

Projeto idealizado pelo físico Stephen Hawking ganhou apoio financeiro do cofundador do grupo Mail.ru. Além de organizar a coleta e tratamento de dados referentes a sinais que cheguem à Terra vindos do espaço, o objetivo é oferecer acesso livre a esses dados.

O cofundador do grupo Mail.ru e fundador da DST Global, Iúri Milner, vai disponibilizar US$ 100 milhões para um projeto de busca de inteligência extraterrestre.

“Os governos não se apressam a financiar investigações deste gênero uma vez que se trata de projetos de alto risco, sem resultados garantidos”, diz Milner, que admite não ser grande a probabilidade de conseguir obter resultados em um futuro próximo.

No projeto serão identificados dois tipos de sinal: ondas de rádio ou radiação laser. “Podemos supor que os sinais possam ser outros, como, por exemplo, ondas gravitacionais, mas, infelizmente, a tecnologia existente hoje ainda não permite identificá-los”, acrescenta Milner.

Em comparação com pesquisas anteriores de busca de vida extraterrestre, o projeto financiado por Milner permitirá aumentar a área de cobertura em mais de 100 vezes.

O famoso físico Stephen Hawking, que idealizou o projeto, trabalhará em parceria com outros nomes renomados no campo científico, como Frank Drake e Geoff Marcy, que irão coordenar as pesquisas e definir equipamentos e métodos de observação a serem seguidos.

A ideia, segundo Marcy, é explorar estrelas próximas do Sistema Solar, o centro da Via Láctea (onde se verifica a concentração máxima de estrelas) e outras 100 galáxias nos entornos.

“A que distância da Terra está a civilização inteligente mais próxima? A 10 anos-luz ou a 10 milhões de anos-luz? Ninguém sabe”, disse Marcy ao jornal “Vedomosti”. “Mas eu vou dedicar o resto de minha carreira para responder a essa pergunta.”

Megaestrutura

Os recursos despendidos por Milner serão gastos em diferentes direções. Em primeiro lugar, o capital será aplicado em contratos de locação únicos, com duração de cinco anos, que já foram assinados com as operadoras dos dois maiores telescópios do mundo: o Green Bank (EUA) e o Parkes (Austrália), bem como com o telescópio ótico do Lick Observatory, na Califórnia.

“A iniciativa também está aberta à adesão de outros telescópios, incluindo o russo Millimetron, depois que este entrar em funcionamento”, diz Milner.

Outra parte dos recursos será aplicada no processamento e armazenamento da informação, que será captada e medida em petabytes. Na primeira fase, serão usados computadores com potência igual aos do centro de pesquisa de Berkeley, na Califórnia; já para o processamento dos dados, haverá cerca de 9 milhões de computadores interconectados pela rede única SETI@home.

Esses dados serão posteriormente publicados na internet, e qualquer especialista, organização científica ou astrônomo amador que deseje participar da análise dos dados poderá acessá-los livremente.

Sinal de vida

As observações feitas com a ajuda do telescópio Kepler, que há três anos anda coletando dados sobre exoplanetas (planetas que orbitam uma estrela que não seja o Sol), já permitiram concluir que, só na nossa galáxia, existem, pelo menos, vários bilhões de planetas do tamanho de Terra.

“Na superfície desses planetas, é possível existir água em estado líquido e, portanto, não se pode excluir a possibilidade de vida orgânica. Se partimos do pressuposto aceito pela ciência de que as leis da física são as mesmas para todo o universo, então os meios de comunicação entre as civilizações avançadas também devem ser os mesmos”, sugere Milner.

Cabe lembrar que a humanidade procura civilizações extraterrestres desde os anos 1960, quando teve início uma série de projetos conhecidos sob o nome de SETI (sigla em inglês para “Procura por Inteligência Extraterrestre”).

Um dos projetos, o Ozma, foi iniciado pelo astrônomo norte-americano Frank Drake. Na época, o telescópio Green Bank recolhia os sinais de dois sistemas parecidos ao sistema solar – o Tau Ceti e o Epsilon Eridani.

 

Com material do jornal Vedomosti

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies